"Mulheres em Série opta por distanciar-se de uma visão hollywoodiana, que cria heróis, e aposta na identificação do público por meio da humanidade das personagens, tratando-as em seus conflitos, incertezas e erros, sem deixar de lado suas conquistas e sonhos." 

Seriado Mulheres em Série quebra estereótipos e desafia o público a desmistificar a figura de “mulher padrão” São Paulo, 17 de dezembro de 2015 – as desventuras e vitórias de quatro personagens arrebatadoras escancaram a realidade espinhosa de milhares de mulheres brasileiras em pleno século XXI.

Além dos dilemas próprios de qualquer ser humano moderno – relacionamentos amorosos, estresse no trabalho, despesas do lar – essas mulheres ainda se veem diante de preconceito, violência física e psicológica, e têm seus direitos negados diariamente. Letícia, mulher trans e negra, decide ser mãe e é “assombrada” pelos fantasmas da discriminação e do julgamento público. Ao lado do namorado Domênico – também trans – ela irá compartilhar com o público os desafios reais que enfrenta durante o processo de transição pelo qual tantos transexuais passam atualmente. O casal recebe uma atenção especial na série, por representar um dos grandes tabus da nossa sociedade ainda hoje. Além de trazer à tona questões importantes como os efeitos colaterais do tratamento hormonal, a personagem desempenha papel fundamental na história de outras mulheres, como Nathalia, uma garota homossexual e rebelde que se refugia nas drogas.

O projeto Mulheres em Série abre caminho por um terreno delicado e, por isso mesmo, inexplorado por outras obras de ficção. A escolha de um casal transexual no estágio inicial de mudança, em que os atores ainda apresentam muitas características do seu sexo de nascimento, é uma ousadia a que a série se propõe abertamente. A parceria com a atriz Ana Victoria – Letícia, na série – que se dispôs a revelar todas as fases de sua transição diante das câmeras se converte num diferencial provocativo e instigante para um público ainda muito acostumado a estereótipos e normatizações. “A sociedade age como se pessoas trans brotassem do chão ‘prontas’. Transição é um processo lento, e até difícil, e a gente concilia com o dia a dia. Ninguém entra numa caverna e sai de lá com outro corpo; ele vai mudando lentamente, enquanto você pega o trem lotado, paga as contas, estuda...”, reflete Ana Victoria.

Assim, Mulheres em Série se destaca como a primeira obra audiovisual brasileira a abordar a discussão de gêneros com a utilização de um elenco inclusivo, que coloca seus atores nos papeis que desempenham no universo real. O próprio título da série surge como uma provocação. Segundo a diretora Maitê Sanchez, a escolha do nome é uma clara ironia à produção de peças como acontece nas fábricas. “É uma crítica à padronização da figura feminina que vemos no cinema comercial, na TV e na publicidade, e que cria modelos ideais de comportamento e estética, prisões psicológicas que só permitem a perpetuação do preconceito e da exclusão”, conclui ela, que também fez direção de arte do curta Irene, vencedor do prêmio de Melhor Filme no II Festival de Cinema Universitário da Bahia.

O projeto Mulheres em Série abre caminho por um terreno delicado e, por isso mesmo, inexplorado por outras obras de ficção. A escolha de um casal transexual no estágio inicial de mudança, em que os atores ainda apresentam muitas características do seu sexo de nascimento, é uma ousadia a que a série se propõe abertamente. A parceria com a atriz Ana Victoria – Letícia, na série – que se dispôs a revelar todas as fases de sua transição diante das câmeras se converte num diferencial provocativo e instigante para um público ainda muito acostumado a estereótipos e normatizações. “A sociedade age como se pessoas trans brotassem do chão ‘prontas’. Transição é um processo lento, e até difícil, e a gente concilia com o dia a dia. Ninguém entra numa caverna e sai de lá com outro corpo; ele vai mudando lentamente, enquanto você pega o trem lotado, paga as contas, estuda...”, reflete Ana Victoria.

Assim, Mulheres em Série se destaca como a primeira obra audiovisual brasileira a abordar a discussão de gêneros com a utilização de um elenco inclusivo, que coloca seus atores nos papeis que desempenham no universo real. O próprio título da série surge como uma provocação. Segundo a diretora Maitê Sanchez, a escolha do nome é uma clara ironia à produção de peças como acontece nas fábricas. “É uma crítica à padronização da figura feminina que vemos no cinema comercial, na TV e na publicidade, e que cria modelos ideais de comportamento e estética, prisões psicológicas que só permitem a perpetuação do preconceito e da exclusão”, conclui ela, que também fez direção de arte do curta Irene, vencedor do prêmio de Melhor Filme no II Festival de Cinema Universitário da Bahia.

É possível ressaltar os 82 anos da conquista do voto de um lado, e, de outro, a ocupação de apenas 10% das cadeiras de deputados federais pelo sexo feminino. Outro dado alarmante refere-se ao abuso e à violência sexual: a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas no Brasil, segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo (nem todas apresentam denúncia em delegacias e boa parte das que faz isso acaba retirando a queixa). Sendo assim, Mulheres em Série opta por distanciar-se de uma visão hollywoodiana, que cria heróis, e aposta na identificação do público por meio da humanidade das personagens, tratando-as em seus conflitos, incertezas e erros, sem deixar de lado suas conquistas e sonhos.

Outro diferencial da obra é o seu objetivo de transpor os limites da ficção e fomentar mudanças na vida real, com iniciativas publicadas no site Mulheres em Série que se converterá em um canal de discussão e divulgação de fontes de ampliação dos ideais femininos. A ideia é inspirar e promover a atuação em várias frentes, como a luta por espaços para oficinas de teatro para transexuais, oportunidades de trabalho e até mesmo venda de produtos com verba revertida para mulheres em situação de risco e travestis.

Mulheres em Série surge em meio a esse cenário de preconceito e banalização com a proposta de permitir a seus expectadores uma imersão na complexidade e diversidade das mulheres brasileiras.